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Luís Filipe Cristóvão: «Defendo constantemente o papel do desporto como um espaço de integração»

Publicado a 20/03/2024, na categoria: Booksmile, Destaque, Entrevistas

Em ano de Jogos Olímpicos, chega O Livro do Desporto (ed. Booksmile), com textos do comentador Luís Filipe Cristóvão e ilustrações de Daniel Wu. Uma viagem pelas 30 modalidades mais praticadas em Portugal, desde as origens até aos novos campeões. Um verdadeiro guia para adeptos, recheado de factos, curiosidades e ilustrações divertidas e cheias de cor. Autor e ilustrador revelam aqui algumas táticas de jogo, ou seja, dos processos de trabalho que conduziram a este livro vencedor.

 

Como surgiu a ideia para este livro e qual foi o processo de trabalho?

LC: Este livro surgiu de um convite da editora Filipa Casqueiro para tentar organizar uma proposta em volta da diversidade de modalidades que uma criança pode começar a praticar. A partir daí, fomos tomando decisões em relação ao tipo de conteúdo que poderia interessar e avançando para a escrita dos textos. Não foi difícil encontrar o tom dos textos, procurando focar em elementos que possam explicar em que consiste cada modalidade e quem são os grandes atletas e equipas de cada uma delas. O processo de escrita e revisão prolongou-se ao longo de alguns meses, com o Daniel Wu a entrar nele com as suas fantásticas ilustrações que captaram toda a dinâmica que o desporto envolve.

DW:  A editora (Filipa) entrou em contacto comigo. Claro que eu já conhecia a Penguin Random House e a Booksmile e fiquei felicíssimo com o convite. Ainda mais quando Filipa me apresentou a proposta! Juntamente com Catarina, me deram liberdade total para propor ideias e inserir pitadas de humor para que o livro ficasse, além de muito informativo, leve e divertido.
O Luís Cristóvão fazia a pesquisa e elaborava o texto que chegava através da Filipa e Catarina. Então eu lia o texto com atenção, já imaginando como poderia representar visualmente cada bloco de informação. A parte mais complexa era distribuir o volume de texto nas páginas mantendo a lógica narrativa e criando espaços para a ilustração.
Então eu fazia um esboço bem simples para conversar com as editoras sobre as ideias. Com todos de acordo, eu seguia para a ilustração mais elaborada e colorização.

 

Como foi a articulação entre escritor e ilustrador?

LC: Vivendo longe, a articulação foi acontecendo à distância. O mérito está na capacidade do Daniel para entender a ideia que eu e a editora tínhamos para o livro e ter superado essa ideia com as propostas que nos foi enviando.

DW: Foi ótima! O Luís Cristóvão produziu um material muito completo (aprendi muitas coisas!) e, ao mesmo tempo, sucinto e divertido. Era um prato cheio para ilustrações! E sempre foi muito generoso e aberto a ideias, alterações que fariam mais sentido junto às ilustras, etc. Na verdade, todos os envolvidos foram muito investidos em fazer deste o melhor livro possível. E deu certo!

 

Muitas mais modalidades poderiam ser mencionadas. Foi difícil fazer uma seleção?

LC: Havendo uma limitação de espaço, foi necessário tomar decisões. Era fundamental que as principais modalidades em número de praticantes e as modalidades olímpicas com forte representação nacional estivessem presentes. Mesmo assim, foi necessário conjugar algumas delas que têm origens próximas. Para além disso, era fundamental expressar a forma como cada uma destas modalidades é praticada por atletas masculinos e femininos, bem como dar espaço para as práticas inclusivas. Sendo uma opção do autor, é natural que possa haver alguma discussão sobre cada um destes pontos.

 

Qual o papel do desporto na formação das crianças e adolescentes?

LC: É central. Defendo constantemente o papel do desporto como um espaço de integração e compreensão das nossas vidas e do nosso mundo, pelo que é fundamental passar por uma experiência desportiva em tempos de formação para o podermos perceber. Não só pelos pontos positivos, bem como pelos momentos negativos dessa prática. Não consigo imaginar uma infância e juventude sem prática desportiva e sem compreensão do fenómeno.

 

Em Portugal só ligamos ao futebol? Quais são as tuas modalidades favoritas?

LC: O futebol está particularmente ligado à minha vida, como à cultura da maioria dos portugueses. No entanto, durante a minha infância e juventude pratiquei ainda ginástica, ténis de mesa e basquetebol, para além de ter andado muito de bicicleta. O basquetebol, o ciclismo e o futebol serão as modalidades com as quais tenho uma forte ligação há mais tempo.

DW: Eu gosto de esportes individuais. Hoje pratico natação e musculação mas já fui muito bom em judô e atletismo! Mas não gosto de entrar em competições. Sou muito ansioso então uso esportes para extravazar a energia. E também me movimentar um pouco porque, para desenhar, só mexo as mãos!

 

«Mais importante que ganhar é participar», costumamos dizer. Que outras lições se podem retirar do mundo desportivo?

LC: A ideia é até mais profunda do que participar. Eu diria que mais importante do que ganhar é passar pela experiência de estar no jogo. A forma como é importante dar atenção a todo o processo de aprendizagem e treino, a maneira como devemos respeitar as regras e compreender as estratégias para podermos ter sucesso, a perceção da vitória e da derrota e o reiniciar de tudo isto a cada semana que passa. Tantas e tão boas lições essenciais para a nossa vida.

 

Quais são as dinâmicas para trabalhar este livro nas escolas?

LC: O livro tem muito presente o caráter lúdico do desporto, com as noções sobre a sua prática, as suas competições, os melhores atletas. Essa é a porta de entrada no mundo de desportos que o livro oferecer. A partir daí podemos explorar as experiências e os gostos de cada criança, bem como conversar sobre as dinâmicas que o desporto origina. É um livro para ajudar a conhecer mais modalidades, a tomar decisões sobre a sua prática, mas é, acima de tudo, um livro para compreender como o nosso mundo pode ser vasto nas suas oportunidades e possibilidades.

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