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O projeto INCLUD-ED e as Comunidades de Aprendizagem

Publicado a 18/05/2022, na categoria: Educação

Transformar as escolas em Comunidades de Aprendizagem é o grande objetivo do projeto INCLUD-ED, assente nas Ações Educativas de Sucesso. Estratégias que trabalham a cooperação, a interação  e o diálogo, com o envolvimento de toda a comunidade.

Por Sónia de Sá Neves, Professora do 1.º ciclo e coordenadora do projeto Includ-Ed no Agrupamento de Escolas José Cardoso Pires

No ano letivo 2019/2020, o Agrupamento de Escolas José Cardoso Pires, na Amadora, foi um dos que acolheu o projeto INCLUD-ED e tem vindo a incluí-lo nas estratégias de boas práticas educativas das suas escolas. Os docentes do Agrupamento ficaram a conhecer o projeto através de uma apresentação em dois momentos distintos, o primeiro para Educadoras e Professores de 1.º Ciclo e o segundo para professores de 2.º e 3.º Ciclos. A equipa pedagógica da EB1/JI José Garcês foi a primeira a abraçar o projeto e a iniciar a sua implementação. Nas restantes escolas do Agrupamento há docentes a dinamizar algumas das Ações Educativas com as suas turmas e, passo a passo, todas se vão transformando numa escola diferente.

Implementar o INCLUD-ED numa escola é transformar a escola em Comunidade de Aprendizagem. Como é que isto se faz? Antes de mais, com muita determinação e muita vontade em fazer diferente e melhor. Se há pelo menos duas décadas se concluiu que o modelo de ensino tradicional está esgotado, é urgente que se adaptem as metodologias à sociedade da informação em que vivemos e se feche o capítulo do ensino para uma sociedade industrial. É preciso refletir e transformar a Escola, devolvendo-lhe o sentido que ela merece.

Com o INCLUD-ED é possível criar uma escola onde a cooperação, a interação e o diálogo assumem um papel fundamental na construção das aprendizagens dos alunos e da comunidade envolvente. A equipa de investigação do projeto INCLUD-ED (CREA) identificou as Successful Educational Actions for All ou Ações Educativas de Sucesso que promovem, para todos, melhores resultados académicos, uma melhor convivência e a coesão social através da participação das famílias e da comunidade.

As Ações Educativas de Sucesso assentam em bases científicas enquadradas em teorias internacionais que enfatizam, como fatores-chave da sociedade atual, a interação e o envolvimento da comunidade. As Ações desenvolvem-se através da teoria da Aprendizagem Dialógica, orientada para a transformação do contexto, partindo de expetativas elevadas para todos os alunos, envolvendo a família e a comunidade, criando significado e tirando o máximo partido da inteligência cultural de todos. A abordagem dialógica na qual se desenvolve este projeto é definida por sete princípios-chave:

  • Diálogo igualitário;
  • Inteligência cultural;
  • Transformação;
  • Dimensão instrumental;
  • Criação de sentido;
  • Solidariedade;
  • Igualdade de diferenças.

Assente nestes princípios, dinamizam-se as Ações Educativas, que se encontram organizadas em seis ações:

– Grupos interativos;
– Tertúlias dialógicas (Literárias, Artísticas, Musicais, Científicas, entre outras);
– Formação de familiares;
– Participação educativa da comunidade;
– Modelo dialógico de prevenção e resolução de conflitos;
– Formação pedagógica dialógica de professores.

Os grupos interativos são uma forma inclusiva de organização da sala de aula. As turmas são divididas em grupos pequenos e heterogéneos, quanto mais heterogéneos melhor. Em cada grupo há um adulto voluntário (professor, técnicos, familiares dos alunos, ex-alunos da escola, etc.) que assume o papel de orientador da dinâmica do grupo. Não está lá para ensinar ou para explicar matéria, mas para estimular a partilha de conhecimento entre os alunos. Cada voluntário fica entre 15 a 20 minutos num grupo e, ao fim desse tempo, os voluntários rodam para outro grupo, até que todos passem por todos os grupos da turma.

As Tertúlias Dialógicas são momentos de partilha e de reflexão. No caso das Tertúlias Literárias, os alunos fazem leitura de capítulos de obras clássicas e selecionam a parte do texto que mais gostaram. No dia da tertúlia apresentam-na e explicam ao grupo quais os motivos que o levaram a selecionar aquela parte do texto. Os alunos que ainda não são leitores autónomos ouvem as leituras dos textos pelos seus educadores, professores ou família. Relativamente às Tertúlias Artísticas ou Musicais, os alunos ouvem e observam obras dos maiores criadores clássicos, como Mozart, Vivaldi, Beethoven, Picasso, Leonardo Da Vinci, Salvador Dalí, e partilham o seu ponto de vista e análise pessoal das obras com a turma. Todos sabem que em contexto de tertúlia não há respostas certas ou erradas, todas são bem acolhidas desde que bem argumentadas.

Na formação de familiares a escola tenta responder às necessidades e sugestões apresentadas pela comunidade educativa, criando condições para a promoção de aprendizagens dos interessados. Por exemplo, se há um número significativo de familiares que tem interesse em aumentar os seus conhecimentos em línguas estrangeiras ou em novas tecnologias, a escola organiza-se para oferecer essa formação, com a ajuda de voluntários.

Num projeto com estas caraterísticas, em que todos são envolvidos no processo ensino-aprendizagem, a participação da comunidade educativa nas diversas atividades da escola é fundamental, voluntariando-se para colaborar nas mais diversas atividades da escola.

O modelo dialógico de prevenção e resolução de conflitos apresenta-se em sala de aula como o «Clube dos Valentes» e tem como principal objetivo prevenir as situações de conflito entre os alunos. Através do diálogo igualitário, todos os alunos definem quais as regras que devem ser seguidas para que se promova na escola um ambiente de solidariedade e de bem-estar para todos. Também é em diálogo igualitário que se resolvem as situações que fogem às regras estabelecidas.

Em todo este processo, os professores são convidados a enriquecerem os seus conhecimentos em momentos de formação, em formato de Tertúlias Dialógicas, onde se partilham experiências e opiniões relativamente à leitura das mais recentes investigações na área da Educação.

Este é, sem dúvida, um projeto que vive de pessoas e é para as pessoas. Vive de pessoas que sonham, arriscam e querem ir mais longe. É um projeto que busca o que cada um tem de melhor, e permite aos professores ter uma visão alargada dos recursos que têm disponíveis para o que todos esperamos de uma escola: o melhor ensino possível para todos!

Acreditamos que este é o caminho certo para uma escola com mais sentido. Quando todos sonhamos, a obra nasce. Assim se cresce na EB1/JI José Garcês, uma das escolas da rede portuguesa de Comunidades de Aprendizagem.

Mais informações:

https://comunidades-aprendizagem.dge.mec.pt/

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